sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A contradição das ideias

A arte simétrica de Matt W Moore equipara-se as nuances de meus pensamentos

Recentemente sinto-me tomada por uma nuance de questionamentos, a qual me leva a refletir sobre diversos pontos da vida, de minha vida (no âmbito geral da palavra), então me pego a pensar em paradoxos. Parece que minha mente prega-me uma peça mais do que inusitada e me vejo presa em um labirinto sem saída, contudo encontro um jeito pragmático de escapar... os devaneios que tomam conta de minha mente ganham uma chance de fuga sorrateira através do mundo da leitura. Eis que me pego hoje lendo uma crônica de Sérgio Ruiz Taborda, e não é que casou perfeitamente com as ideias que me tomam... Antes dessa leitura considerava-me uma otimista incurável, contudo eis que me veio a dúvida ao final dela, será mesmo que sou? Tudo baseia-se no sentido que damos para cada expressão, isso porque, sempre ou quase sempre, em sua grande maioria costumamos classificar o pessimista como algo negativo e o otimista como algo positivo.

Para alguns (seriam esses os pessimistas?) a crônica a seguir poderá dar um nó sem tamanho nos pensamentos alheios, contudo poderá ser a luz que se acende ao fim do túnel para outros (seriam esses os otimistas?). Convido-os a tentar compreender a dicotômica relação entre grandes opostos que pode se descobrir irmãos gêmeos. Boa leitura!

Pessimismo e otimismo

Achar que um pessimista pode ser um tipo interessante é coisa de otimistas – e eu assino embaixo. Confesso, aliás, que tenho uma séria inclinação para o pessimismo, mas entendo que ela se deve, justamente, à porção de otimismo que também está em mim. Não, leitor, não alimento o prazer de formular paradoxos gratuitos; deixe-me fundamentar este.

Os otimistas costumam achar muita graça no mundo, seja porque já a encontraram, seja porque estão certos de que ainda a encontrarão. Mas às vezes esse otimismo é tão grande que passa a ser demasiado exigente, e só se contentará com o êxtase da suprema felicidade. Como esta é raríssima, e quando chega costuma ser passageira, o otimista passa a temperar sua expectativa com um pouco de pessimismo só para engrandecer ainda mais o êxtase almejado. Complicado? Mas quem disse que somos simples?

Outro dia recortei da Internet este fragmento de um blog, que vai um pouco na direção das minhas convicções:

Penso que a maioria das pessoas tende a associar pessimismo a inatividade e paralisia, e otimismo a entusiasmo e iniciativa. Via de regra, é precisamente o oposto que é verdadeiro: em seu deslumbramento, os otimistas, que diante de tudo se ofuscam, a nada se apegam. Por outro lado, em sua lucidez, aos pessimistas é dado enxergar na escuridão a imagem do que lhes seria essencial, e sentem-se como ninguém compelidos a agarrar-se a ela.

É isso. O pessimista não é inimigo das idealizações, muito pelo contrário. E alguém já disse: Sou pessimista de cabeça e otimista de coração. A frase é esperta, pois leva a admitir um convívio ameno entre as inclinações para a mais rigorosa lucidez e para a mais generosa sensibilidade. Mas é também verdadeira: qualquer um de nós pode admiti-lo durante a simples operação de folhear um jornal. O homem-bomba resolveu sacrificar-se na companhia de quinze adversários políticos? A humanidade não tem jeito. O pequeno e sofrido país asiático teve sua independência reconhecida e amparada pela ONU? Nem tudo está perdido. No noticiário da TV, e ao vivo: o marido enciumado sequestrou a própria mulher e ameaça matá-la diante das câmeras? O mundo é mesmo um horror... Horas depois, ainda ao vivo, o homem depõe a arma e entrega-se à polícia, aos prantos? Esta vida é comovente...

Pensando agora em nosso país: haverá algum outro que tantas razões dê a seus cidadãos para serem otimistas e pessimistas a um tempo? Parece já fazer parte da nossa cultura esse amálgama de expectativas contrárias: ora “o Brasil não tem jeito mesmo”, ora “este é o melhor país do mundo”. Diante dos extremos, as pessoas sensatas recomendam o equilíbrio que nega as polaridades, pois “a verdade está no meio”. Pois eu prefiro manter a opinião de que a verdade dos otimistas é, no fundo, uma aliada da verdade dos pessimistas. A prova de que não somos uma coisa só está em cada dia que amanhece: o leitor acordou hoje pessimista ou otimista? Seja qual for a resposta, só posso lhe dizer: – Conserve-se assim, e até amanhã.

(Sérgio Ruiz Taborda)

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